9.07.2005

Ah! A gloriosa humanidade...

As catástrofes são, pieguices à parte, uma oportunidade de redenção para os seres humanos que assistem mas não sofrem fisicamente. Ao contrário do que me parece ser a regra, em que a compaixão, comiseração, coitadificação ocupam todo o espaço dedicado aos sentimentos, a empatia será talvez a melhor forma de lidar com o assunto. Assim,nas conversas em que tenho participado discute-se o que fazer numa situação destas (furacão). Não se desprezam as vítimas, pômo-nos no papel delas, e não temos a obrigação moral de chorar devido ao sofrimento alheio, porque estamos a pensar em formas de agir numa situação similar, ainda que impossível de vir a acontecer. É uma forma de solidariedade olhar para as imagens que passam na T.V. e dizer que parados e a gritar os desalojados não resolvem nada. Claro que dizer uma coisa destas contém o risco de ouvirmos o: "se fosses tu o que é que fazias, ãh?!" E é aqui que a empatia toma o seu lugar devido, porque se vai discutir o problema e o sofrimento humano sem ser da forma que a malta gosta tanto, que é lamentar-se com a morte lá bem longe, a uma distância segura e perfeitamente controlável, sem assumir a posição do desgraçado.

Lembrei-me disto tudo porque também já dei de caras com o pessoal partidário do ministro do ambiente Alemão e quejandos. Já escrevi há muito tempo aqui (não me apetece pôr link) um post sobre a América. Não os acho melhores nem piores que os outros, é apenas um país composto por seres humanos, com muitas coisas boas que têm servido de farol para toda a civilização ocidental.
Estas pessoas perderam completamente a sua oportunidade de redenção, e não resistiram a entrar no ridículo de atacar. O quê? O de sempre. Esta era uma boa oportunidade de os anti-américa demonstrarem que são racionais, e que se importam mesmo com a humanidade. Pelas reacções à catástrofe percebe-se que a política e a ideologia continuam e continuarão sempre a minar o desenvolvimento do ser humano civilizado.

Enquanto isso, o inominável, o horror, o indizível, a desgraça, o indescritível e todas estas palavras são guardadas para catátrofes que valham a pena, e não para fenómenos que aconteçam aos ricalhaços dos americanos.

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