7.30.2008

Parafilias

O Sapo tem uma colecção generosa de tags de blogs. O último da lista é zoofilia. Não seria mais adequado ser um dos primeiros e chamar-se simplesmente, animais? Ou não se trata de um mal entendido? Espero bem que não. Ou melhor, que seja...

7.27.2008

Uso de metanfetaminas por grávidas afecta fetos

Aqui está uma belíssima nota de rodapé apanhada agora mesmo no jornal da RTP. Quem me manda a mim ser burro e insistir neste noticiário?

Qual o problema da nota? Em Portugal não deve haver senão residual consumo de metanfetaminas (crystal meth) sendo no entanto uma droga extremamente perigosa, adictiva e destrutiva utilizada por exemplo nos EUA. Os excelentes jornalistas da RTP viram a apresentação do estudo em algum blog e decidiram pôr aquilo em nota der rodapé para alarmar o pessoal. Esse estudo servirá como tantos outros, para possibilitar e fundamentar intervenções terapêuticas específicas.
Não é um estudo-descoberta, mas um estudo de suporte. A RTP decide no entanto encher chouriços e causar umas quantas sensções nos telespectadores. "Será que eu tomo metanfetaminas e não sei disso? Será que isto tem a ver com aqueles sumos que bebi ontem?"

Este é o país onde podemos ver a tradução de "crystal meth" em séries como CSI, Dexter, Weeds para metadona, onde se noticiam em primeira mão estudos sobre coisas que nem sequer conhecemos.

Também já molesta a assunção de que o jornal da TVI é "bué" sensacionalista, com pouco conteúdo e demais tretas que a serem justamente ditas deveriam incluir principalmente o canal que pagamos todos os meses.

7.25.2008

Em toda esta questão cultural e étnica

Há diferentes e erradas visões do problema. Esta minha que que vou tentar esboçar é também ela prenhe de estultícias. Os governos e as autarquias, por razões típicamente terceiro-mundistas, eleitoralistas e pior, por ignorância, tendem a encafuar os problemas social-demográficos numas caixas feias e aos montes. Merda com merda (como dizia o saudoso chouriço) dá merda. Não há aqui referência a raça, ou o que seja. Se os ciganos não querem suar muito para ganhar o sustento, eu compreendo-os, no fundo o problema de alguns ciganos é serem ricalhaços com pouco dinheiro (que é também um problema que eu aporto).

As políticas de realojamento não podem, e toda a gente o sabe, ser de tudo ao molho e fé no Senhor. Realojem-se famílias atendendo às peculiaridades de cada uma, de forma dispersa e o estado consegue mais facilmente controlá-las enquanto a sociedade ganha legitimidade para exigir determinados parâmetros de comportamento. Melhor que isso, em vez de serem várias famílias com comportamentos desadequados a pressionarem umas poucas, serão as famílias bem integradas a pressionar essa em particular a seguir uma caminho mais adequado. Obviamente que em casos extremos a Justiça deve funcionar como funcionou comigo no outro dia que me pus a cantar karaoke eram 10 para as seis da manhã de uma segunda feira.

Isto tudo é mesmo muito simples, agora vir para aí com discursos que os ciganos ou os beltranos têm que isto e têm que aquilo é perda de tempo. Enquanto juntos em grandes comunidades ouvem e cagam bem p'ró nosso querer que eles façam.


As coisas são fáceis de fazer, mas mais fácil é acusar e criar a tão bonita guerra de classes. O problema é que as políticas para darem resultado devem ser aplicadas com inteligência e severidade. O estado em Portugal tende a ser burro, o que é triste, mas esta constatação nada tem de demagógico, basta olhar e ver. Quem olha para aquilo na quinta da fonte e toma como medida apenas o reforço olicial só prova que até eu posso aspirar a ministro de qualquer coisa. Viva a democracia.

P.S. Não é que eu goste de entrar em casas onde se recebe RSI, com Tvcabo, PSp, Xbox, PS2... Mas all this hate talk às vezes enjoa e é demasiado fácil para a minha complicada cabeça. Cabeça essa à qual foi já apontada uma shotgun prateada empunhada por um indivíduo cigano.

7.14.2008

Sondagem

Às vezes comento, outras não. As sondagens valem o que valem e eu não vou estar sempre aqui a valorizá-las como se fossem um ponto de partida para a minha forma de actuação enquanto indivíduo.

Na última sondagem a maioria achou que eu tinha acordado com suores frios porque estaria oniricamente em amena cavaqueira com o Mário Machado. Das cinco alternativas só a certa é que não teve votos. É por estas e por outras que o povo tem má reputação. Mas vós achais, votantes, que o meu super-ego me deixava estar em amena cavaqueira com o Mário Machado? Eu, se em sonhos falasse com esse tipo, era a explicar-lhe o quão burro ele e o Hitler são, e quanta da sua vida ele estava a desperdiçar (possivelmente a minha imaginação aqui punha-o a chorar e a pedir perdão ao primeiro africano que passasse. Posso dizer africano? Se calhar não. Porque há pretos que estiveram menos tempo em África que o meu pai.)

Pois é. Eu acordei sobressaltado porque tinha uma t-shirt vermelha do Che com aquela pose que faz lembrar o Mussolini nos seus comícios da varanda, e de punho estendido berrava coisas que nem eu próprio discernia.

7.11.2008

Isto é tudo muito confuso

Acabo de ouvir a um tipo que comenta a corrida de touros XXXLDIV da TVI, que o touro deve ter seriedade para ser corrido. Isso mesmo, que o touro deve ser sério na hora da corrida. Está certo. Mas e o ser humano toureiro ser também sério e recusar-se a brincar com um touro embolado? Ou fazê-lo vendado? Ou com as mãos atadas atrás das costas?

7.09.2008

Viver

Há coisas boas em viver numa ilha aprazível. Há coisas más em viver numa ilha aprazível. Hoje enquanto trabalhava numa das minhas rondas dos quatro cantos sob um sol mais que quente, obsceno de tão convidativo, perto de uma das praias mais fixes da ilha, passo por dois jovens com ar satisfeito comendo o seu gelado com o cabelo ainda molhado do Belo Abismo, calções de banho e toalha amarfanhada ao ombro. Arrgh! A inveja! A inveja!

Passadas umas três horas estava eu a mandar-me das rochas para um oceano invugarmente amigo e cheio, com uma água mais tépida do que aquela que aconselham em alguns medicamentos, para depois fugir dos peixes-porco que queriam aguçar a sua curiosidade e dentes comigo.

7.06.2008

Os humanos


Há alguns meses que encontrei neste sítio a divulgação do álbum de Karl Höcker. Agora, o telegraph dá-lhe destaque. No texto vemos a admiração com a normalidade aparente do quotidiano nazi. Como se os SS de Birkenau não fossem humanos. Como se as ajudantes que alegremente comem amoras ao lado do fumo dos cadáveres a arder, não fossem humanas. No artigo é considerada surrealista a fotografia em que um acordionista toca para alguns oficiais e ajudantes que cantam. Porquê surreal? É fácil afastar a ideia de que os nazis não são pessoas. Mas assim vais ser mais difícil compreender a hecatombe moral, que durante aqueles tempos se abateu sobre seres humanos. Retirando a humanidade dos indivíduos que fizeram parte do regime, asseguramo-nos perigosamente que tal não pode voltar a acontecer. Um nazi é um doente, mas é uma pessoa.

7.01.2008

Simples

Naquele dia tudo lhe pareceu simples: virou, seguiu e andou. Quando andou, caminhou e dirigiu-se para o exacto sítio em que haveria de ter que estar se tivesse tido oportunidade de ser informado acerca da sua situação. Como não foi, aquele sítio não era mais que uma chave certa do euromilhões, por reclamar. Tão lame quanto a própria alegoria.

Quando chegou a casa no fim do dia sentiu-se tão inútil quanto o facto de ter estado no sítio em que deveria ter estado, sem que tenha chegado a ser suposto lá estar. Uma vida com antecipados acasos inacabados.

E se tentássemos organizar cada vida de forma a perceber os lugares certos na hora errada? Quantos milhares de lugares certos na hora errada? Pior! Quantas horas certas no lugar errado??!!