12.06.2012

Não é fácil

Gerir a admiração. Admiro algumas pessoas e poucas sabem lidar com isso. A admiração não cessa, mas perde fulgor.

A admiração nunca implicou subserviência.

12.03.2012

Uma razão para ser cobarde

Racionalizar (nem me refiro ao mecanismo de defesa) não é a melhor saída. É a psicologia quem o defende. Por várias razões, sendo que redundando todas as razões numa, talvez "humanidade" seja a mais justa. Uma máquina pode contar e fazer estatísticas, conferir dados, apontar caminhos de sucesso, avaliar decisões certas na carreira. Quem chatear, quem não importunar, que botas lamber, são na sua essência, comportamentos maquinais dependentes directamente de avaliação de danos. Viver é muito mais do que isso e embora racionalidade não seja sinónimo de frieza, pode ser de cobardia.

Perscrutar um erro no comportamento de quem nos está próximo para poder racionalizá-lo e usá-lo a nosso favor é não só moralmente condenável, como asqueroso. Racionalizando, posso entender que há muitos filhos da puta no mundo e que tenho de aprender a viver com isso. Posso até entender que devia ter evitado cometer determinado erro. Mas isso não apaga que alguém próximo se aproveitou, ao invés de suportar, como aprendemos a fazer no grupo de amigos. Racionalizando outra vez, posso compreender a existência de problemas emocionais que enviesam em malvadez o comportamento das pessoas. Posso até, em auto-análise, integrar os meus próprios problemas nesta jogada. Mas isso não apaga a ausência de suporte, em momento titubeante, de alguém que, pelo contrário, se aproveitou da tal proximidade para colocar sal na ferida.


A compaixão, até a condescendência (de que falei aqui há tempos), precisam de coragem.
A cobardia analisa e debita o comportamento com menos danos para o umbiguinho sujinho de cotão e mortes morais.

O discurso dos grande homens, da existência de um código de conduta universal, de uma ética Queirosiana, enche a boca de uns quantos tontos que não conseguem sequer ser homens nas coisas comezinhas da vida. Porque é aí que se actua: nas coisas comezinhas. Com uma boa dose de irracionalidade, loucura, emoção, e de alea.

Irracionalizando: Esta (es) merda(s) também dá (ão)sal à existência.